Parece que voltamos no tempo e você vai entender. Em 2015, terroristas mataram cerca de 14 pessoas (e feriram tantas outras) numa festa em San Bernardino, California. Após esse fato, o FBI iniciou uma investigação intensa na vida dos terroristas, e nesse meio, os seus celulares. Mais precisamente, iPhones. No ano seguinte, em 2016, informaram que estavam com dificuldades para ter acesso aos dados contidos nos aparelhos (por conta da criptografia), com o DOJ (Departamento de Justiça dos EUA) chegando a “obrigar” a Apple a criar algum tipo de backdoor que permitisse o acesso. Como não tiveram ajuda da Apple, uma ““terceira pessoa” alheia ao conflito se ofereceu para ajudar os investigadores“.
Dei essa introdução toda, pois a história está se repetindo. É que o FBI está reclamando novamente sobre não conseguir ter acesso a aparelhos de celular por conta da criptografia.
Embora o FBI tenha conseguido invadir o celular do atirador do comício do Trump graças a um software fornecido pela Cellebrite, o diretor do FBI, Chris Wray está dizendo ao Congresso Americano que simplesmente conseguir invadir um telefone já não é suficiente. Toda a criptografia deve acabar, não apenas a proteção do dispositivo em si.
Wray disse que o FBI está enfrentando desafios para “entrar” em aplicativos de mensagens criprografadas usados por Thomas Matthew Crooks, que foi morto por uma equipe de contra-atiradores do serviço secreto após disparar pelo menos oito tiros em direção ao palco em que Trump estava, no dia 13 de julho, em Butler, Pensilvânia. Relatórios informaram que as autoridades identificaram pelo menos três dessas contas de aplicativos de mensagens.
Wray está falando sobre o que ocorre nas investigações como se isso fosse uma evidência de que os criminosos estão sempre um passo à frente dos federais, mesmo quando o criminoso esteja morto e não esteja enfrentando processos e nem seja mais capaz de cometer esses crimes.
“É um verdadeiro desafio não apenas para o FBI, mas para as autoridades estaduais e locais em todo o país”. Mesmo com acesso ao telefone de um usuário, a criptografia de ponta a ponta usada em muitos aplicativos de tornaria mensagens e outros dados inacessíveis até mesmo para o desenvolvedor do aplicativo.
No Brasil quando o governo não consegue acessar os dados de pessoas suspeitas, ameaça bloquear o aplicativo no país. Muito “inteligente” isso rsrs.
Podemos dizer que seja comum atualmente que mais serviços estejam oferecendo criptografia ponta a pontas, e que isso, possa ser uma “ameaça” persistente à investigações criminais. Se realmente fosse, era de se esperar ouvir isso das autoridades. Em vez disso, a maior parte do que ouvimos de fato sobre o suposto mal da criptografia tenha vindo de diretores que já passaram e estão no FBI.
Até que o FBI seja honesto sobre o fato de seus diretores acharem que são onipresentes, não dê bola para essa agitação anticriptografia. Certamente deve ser ignorada quando o FBI não esteja fazendo nada mais do que reclamar sobre a falta de acesso ao conteúdo e às comunicações do telefone de uma pessoa morta.
Créditos:
Créditos da imagem usada na capa do post:
https://bgr.com/tech/iphone-encryption-hack-india/
Notícia interessante sobre criptografia
https://www.canalhacker.com.br/2023/01/11/a-criptografia-rsa-de-2-048-bits-realmente-foi-quebrada/